Imperfeições

É o dia perfeito para começar um novo rumo,para seguir uma nova estrada, um novo caminho, o meu destino.
É um dia carregado.
É noite. Apressamos porque finda o tempo em que a ansia nos consume.
Nada acontece. Tudo fica gélido quando queres o calor, o abrigo.
Tu não vens. Porquê,pergunto eu. Madruga novamente.
Continuo a percorrer esse caminho que fica estreito. As plantas, essas pestilentas verdejantes espetadas com espinhos venenosos que me ameaçam injectar esse liquido orgânico transbordante de alegria que me impele a correr.
Mais estreito, mais confortávelmente apertado.
Continuo sem te olhar, mas começo por acordar para a essência do sabor do teu transpirar. Está longe por certo.

Enublada está a tarde que depressa estaciona.
Não sei o destino mas sei que rondas a meta.
As criaturas que me tocam, me sujam , esses vis aliciantes da boémia razão de viver vão soando vozes como cornetas do chamamento, como vozes enternecidas: Corre, corre!A noite aproxima-se, o fim está perto.
Sinto-me observado por mil e um bichos do mato grosso, quais aves astutas de ataque noctivago, esses seres nocturnos misteriosos, curiosamente misteriosos. Tento o olhar directo mas não os encontro.
Estão lá eu sei, os sons vêm de lá.

NOITE NOITE NOITE NOITE.
DIA DIA DIA DIA.
Grito do fundo da centelha.Onde estás?
Não estás. Atinjo o fim em desespero. Não te atinjo. Devias estar lá. É lá o local riscado. Onde estou?Perdido, portanto.
É o dia perfeito mas morre na imperfeição da paixão da vida.